Nas postagens da prefeita da minha cidade, em que ela comunica a volta gradual das atividades econômicas, encontrei algums comentários desesperados de algumas pessoas.
Elas são contra a volta das atividades comerciais. Assim, contra, simples. Não sei o que lhes passa pela cabeça, ou se passa alguma coisa, sobre a necessidade de uma ampla parcela da população de voltar a trabalhar pra, sei lá, né, tipo, colocar comida na mesa.
Isso acontece por causa de duas coisas:
A ignorância média das pessoas, essa grande parcela populacional que se enquadra sob o grupo dos analfabetos funcionais.
O alarmismo da mídia, tipo um infeliz programa Fantástico de domingo mostrando um falecido por k0wid sendo levado ao cemitério e enterrado com dois familiares apenas.
Na cabeça dessa pessoinha que comenta desesperada na postagem da prefeita, ela acha que foi pra rua, olhou pra um infectado, pronto, pegou o vírus; que esse vírus é do tipo pegou, morreu.
O benefício da dúvida me manda assumir que ela não se informou adequadamente sobre as questões mais estatísticas dessa epidemia. Que 70% da população vai pegar esse vírus de um jeito ou de outro. Que a maioria será de forma assintomática. Que uns poucos terão sintomas suportáveis. Que uma minoria terá que ser internada. Que poucos seguirão para a UTI e que – é o risco de se estar vivo – uns poucos indivíduos já debilitados por outros males realmente sucumbirão ao vírus, como foi o caso daquele infeliz cujo enterro o infeliz Fantástico mostrou em rede nacional.
Essa pessoinha que estou me referindo, na verdade, por ser analfabeta funcional, como assim é 60% da população, mesmo que entrasse em contato com essas informações estatísticas, nem conseguiria processar, não consegue imaginar, abstrair o que é uma minoria de uma minoria em relação a uma ampla maioria.
Cheguei até aqui triste com essa constatação.
Mas daqui temos a dimensão da IRRESPONSABILIDADE de uma mídia sedenta por views e cliques.